terça-feira, 2 de abril de 2019

Dia Internacional do Livro Infantil

No dia 2 de abril comemora-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen. A partir de 1967, o dia 2 passou a ser designado por Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância. 

Para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil 2014, a DGLAB Abigail Ascenso, vencedora de uma Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração do ano passado, para ser a autora da imagem do cartaz. 

Para comemorar este dia, o IBBY (International Board on Books for Young People) divulga anualmente uma mensagem de incentivo à leitura dirigida às crianças de todo o mundo. A mensagem do IBBY internacional, este ano da responsabilidade da Lituânia, consta de um texto e cartaz do escritor e ilustrador Kęstutis Kasparavičius.



OS LIVROS CONVIDAM A UMA PAUSA 

“Tenho pressa! … Não tenho tempo!... Adeus!...” Eis aqui expressões que ouvimos quase todos os dias, provavelmente não apenas na Lituânia, no coração da Europa, mas um pouco por todo o mundo. E também com frequência se ouve dizer que vivemos numa época de excesso de informação, de pressa, de aceleração. Mas quando pegamos num livro, sentimo-nos logo diferentes. É como se os livros tivessem uma característica maravilhosa: ajudam-nos a relaxar. Abrimos um livro, mergulhamos nas suas profundezas tranquilas, e esquecemos o medo de que tudo passe ao nosso lado a uma velocidade vertiginosa, não nos permitindo ver o que quer que seja. 

O livro faz-nos acreditar que podemos abandonar as tarefas aparentemente urgentes. Nele, tudo se passa calma e silenciosamente, segundo uma ordem pré definida. Será porque as suas páginas são numeradas, e porque o virar das folhas, uma após outra, produz um murmúrio tão calmo, tão leve? Num livro, aquilo que é já passado encontra-se docemente com o que está ainda por chegar. 

O mundo do livro é um mundo aberto; nele, a realidade convive com a fantasia e com a imaginação. E às vezes não sabemos bem onde observámos - se no livro, se na vida - a beleza dos pingos de neve que escorrem do telhado da casa, ou do musgo que cobre a cerca do vizinho. Terá sido no livro ou na vida que provámos as bagas silvestres e percebemos que, apesar de bonitas, são igualmente amargas? E foi no livro ou na vida que um dia te deitaste na relva, ou te sentaste depois, de pernas cruzadas, contemplando o movimento das nuvens que atravessam o céu? 

Os livros ensinam-nos a abrandar, ensinam-nos a observar; os livros convidam-nos, obrigam-nos quase a estar sentados. Sentamo-nos para ler um livro, poisamo-lo numa mesa ou nos joelhos – é ou não assim?!

E será que nunca sentiram outro milagre? É que quando leem um livro, ele também vos lê. Sim, os livros também sabem ler. Leem a vossa testa, as sobrancelhas, os cantos dos lábios, que sobem, que descem, mas sobretudo, claro, leem os vossos olhos. E através dos olhos, eles veem… bem, todos sabemos o que eles veem!

Tenho a certeza de que os livros poisados nos vossos joelhos não se aborrecem nem um minuto. É que quem lê – seja criança ou adulto -, é só por isso muito mais interessante do que aquele que resiste a pegar num livro, que está sempre com pressa e nunca se senta, e jamais tem tempo de observar seja o que for à sua volta. 

No Dia Internacional do Livro Infantil, o meu maior desejo é que existam livros interessantes para os leitores - e leitores interessantes para os livros. 

Kęstutis Kasparavičius (Trad. Maria Carlos Loureiro)



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